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CANINDÉ

A CIDADE DA FÉ TAMBÉM MATA

A violência está assustando moradores de Canindé. Os casos de assassinatos são cada vez mais comum no município. De acordo com a pesquisa feita pelo IBGE em 2013, Canindé uma das maiores taxas de homicídio no Ceará, como o número de 34 mortes a cada 100 mil habitantes, enquanto a média nacional está em 26 mortes a cada 100 mil habitantes.  

 

O município do Canindé é um dos que tem registrado maior número de homicídios na região do Sertão Central. A quantidade de assassinatos tem deixado a população ainda mais revoltada com tanta violência, como a comerciante Amanda, 19, que afirma, “quase todo dia morrem umas cinco pessoas, esse dias está ficando muito violento mesmo e no interior que era mais calmo está ficando pior.”

 

O delegado Daniel Aragão Mota, 46, concorda com o depoimento de Amanda e complementa, “Ultimamente nós estamos tendo muitos assassinatos, mas não houve nenhum latrocínio na cidade, ou seja roubo seguido de  morte. Não tem um pai de família morrendo na cidade, só morre vagabundo faccionado. Aqui na cidade nós temos o GDE e o Comando Vermelho. Então nós temos zonas críticas aqui em Canindé, que se dividiram entre as facções, mas todos os membros já são conhecidos aqui da delegacia, porque aqui o interior é pequeno e a gente conhece todo mundo.”

 

Sobre os crimes o Delegado aponta que é muito difícil acusar alguém, pois “eles(faccionados) apontam que é o alvo e vem alguém de fortaleza para vir fazer o serviço aqui. Então fica difícil resolver, porque tem o mandante e o executor, e como é uma pessoa desconhecida, em um carro desconhecido o pessoal não consegue reconhecer. Para resolver o governo mandou uma câmeras para colocar na cidade, um vídeo monitoramento, mas o problema é que geralmente a placa é clonada ou o carro é roubado.”

 

O crime na cidade não se limita aos assassinatos, principalmente no período de festejos, onde, segundo o Delegado, são preenchidos mais de 50 boletins de ocorrência por dia, mas que Canindé é uma cidade bastante policiada,  já que “desde que o raio foi instalado na cidade, as questões de roubo e furto diminuíram bastante. Agora, em uma época dessas, onde vem muitas pessoas de fora, nós recebemos reforços da polícia civil e militar de fortaleza, oito policiais civis e muitos policiais militares que ficam nas ruas e praças.”

 

Não sendo suficientes o policiamento regular a Arquidiocese de Canindé possui a sua própria guarda, composta de voluntários, mas nem sempre eles seguem um padrão de tratamento humano, sendo relatados casos de abuso de poder e uso inadequado de violência, que é somado ao modo de “treinamento” desses voluntários, como apresentado pelo segurança da igreja Manuel Lopes, 26, “posterior a seleção temos reuniões para saber como reagir em algumas situações, como muitos de nós já somos treinados da Polícia, não é nada muito geral.”

Universidade Federal do Ceará

Trabalho produzido para a cadeira de Fotojornalismo

Curso de Jornalismo

Novembro de 2018

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